”Carbono pode acabar com corais até o final do século”

Richard A. Feely é a prova da grande mudança vivida nos Estados Unidos. Esse oceanógrafo da Administração Atmosférica e Oceânica (NOAA, em sua sigla em inglês) debutou ontem em uma Cúpula do Clima, diante de um grupo de cientistas e participantes, para explicar os perigos que a acidificação do oceano apresenta, devido à absorção de CO2.

Feely falou junto a um enorme globo terrestre suspenso do teto do pavilhão dos EUA na Cúpula do Clima. Sobre o globo, projeta-se o degelo do Ártico, as mudanças na circulação atmosférica e até o tráfego mundial de aviões e suas emissões de CO2. Os EUA voltam assim, em grande estilo, à negociação do clima.

A reportagem é do jornal El País, 08-12-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis a entrevista.

O oceano está cada vez mais ácido devido à absorção de CO2. Que efeitos esse fenômeno tem?

A acidificação é um problema que os cientistas conhecem desde 1700. Mas até a metade dos anos 90, não nos demos conta de que a emissão de CO2, principalmente pela queima de combustíveis fósseis, está mudando a química do oceano.

Como isso ocorre?

Os oceanos absorveram até 25% de todo o CO2 emitido pelo homem desde a revolução industrial. Isso afeta a calcificação dos corais, que diminuirá 30% até a metade do século e pode levar a uma perda total dos corais até o final do século.

Isso afeta só os corais?

Afeta todos os organismos que utilizam o cálcio, como os mariscos e os moluscos, que estão se debilitando. Afeta o fitoplâncton e o zooplâncton, que são o alimento básico de muitos peixes. Assim, se afeta a cadeia alimentar, afetará os peixes, sua reprodução e sua sobrevivência.

O senhor leu os e-mails da Universidade de East Anglia, nos quais supostamente um grupo de cientistas exagera as mudanças climáticas?

Não sou um especialista no assunto, mas a maioria dos cientistas estão de acordo que a emissão de gases do efeito estufa está tendo um impacto no clima, por isso não acredito que isso vá mudar nada. Temos muita clareza de que as mudanças climáticas existem.

Como o senhor percebe a mudança do governo Bush ao governo Obama na NOAA?

Sendo um cientista federal, não acredito que eu deva responder essa pergunta.

(IHU- On line)



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